O RETRATO
É noite, levanto-me, ando pelo meu
apartamento;
esgueirando-me sonolenta, afastando a
escuridão
devagar como se fora naquele momento,
um animal ferido no corpo e na visão.
Sim, é desse jeito que me sinto;
um animal desprotegido, acuado
então, logo eu pressinto,
tudo está totalmente escuro, tudo
está apagado
Acendo todas as lâmpadas que vou
encontrando;
olho ao redor para aquele ambiente,
pouco a pouco vou me familiarizando,
e sonolenta eu sigo, devagar e sempre.
Paro e fico analisando com atenção
tudo que vejo;
mas mesmo assim ainda me sinto
perdida,
nesse momento o meu único desejo
é simplesmente me sentir protegida.
Continuo a caminhar, devagar;
meu corpo se move lentamente,
nem mesma sei aonde quero chegar
pensamentos embaçados, mente
dormente.
De repente, no meu quarto eu entro;
sem querer, olho-me no espelho e fico
a pensar
quanto tempo faz? Quanto tempo
que eu não paro para me observar?
Encaro o espelho de frente, olho bem
para aquela mulher;
começo a comparar com aquela que está
no retrato,
a diferença entre uma e outra,
gritante é,
o tempo para com a mulher do espelho
foi cruel, foi ingrato.
Escritora
24.3.2013
Todos os direitos autorais
destas publicações são reservados à escritora
acima citada, dentro da lei
vigente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário